Reflexões de um Caracol à Beira da Estrada
Será a experiência estética a experiência do mundo.... o devir é um devir estético... ou será que devo atravessar a estrada?
segunda-feira, outubro 29, 2007
Reflexões
hoje tivemos uma discussão ao telefone.. arrogava-se no direito de saber onde a minha filha iria estar comigo, como lhe iria alimentar e por aí fora, como se de uma propriedade emprestada se tratasse. Foi igualmente triste ouvi-la admitir que não se arrepende de ir ido para o Porto e que a decisão tem mais a ver com ela do que com a Matilde.
Também disse a alarvidade de que é melhor mudar-se com 3 anos do que com 6 anos onde a minha filha estaria mais ligada ao Montijo. Não deixei de ver naquelas palavras mais uma necessidade de fuga imediata para não lhe comprometer o futuro, que era sempre a volta ao Porto.
Pergunta-se, para que é que se tem uma filha para a ver retirada do convívio diário de forma involuntária? só para se dizer que tem-se uma filha? não seria mais honesto fazer-se inseminação artificial do que brincar com a vida de terceiros?!
E pergunto-me, porque é que o interesse da mãe tem sempre que ser superior ao do pai? porque é que o homem em relação aos filhos se encontra numa situação de desigualdade, sendo que para os meus valores de igualdade e humanismo tal realidade não é tolerável?! porque é que o interesse profissional, de realização, de satisfação pessoal da mãe se deve sobrepor à existência de uma relação regular, quotidiana, com ambos os progenitores?

num fundo, a sociedade de inspiração cristã em que vivemos continua a reproduzir unicamente os valores machistas, de menosprezo pelos verdadeiros interesses das crianças e por um conjunto de contradições entre a modernidade capitalista e a opressão social da mulher pela redução da sua condição de género à de mãe.

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posted by Mikasmokas @ 10/29/2007   1 comments
segunda-feira, outubro 22, 2007
A história da minha dor pela tua ausência...
Não pretende ser qualquer tipo de visão absoluta sobre a realidade, antes pelo contrário, é o assumir de que construímos uma realidade social, uma intermediação consciente do que somos e da relação que temos com os outros, num processo de diálogo constante.

Chegar a este ponto teve um encadeamento, uma lógica, passível de racionalização através da reflexão. Mas esta só é possível com a descrição, mesmo que seja através apenas de um olhar. Mas um olhar que sente, que possuí afectos e que não deixa de aferir e aferir-se na relação com os outros.

Não vou escrever nomes, identificar pessoas, de forma a não poder ser acusado de qualquer ilícito criminal. No entanto, quem me conhece saberá de quem e de que acontecimentos me refiro.
Será um lamurio pela dor que sinto neste momento e que demorará tempo a expor neste blog. Faço-o como terapia se quisermos, mas igualmente porque quero que outros saibam (de forma abstracta) o que é estar nesta situação, desumana, desgastante, angustiante e tristemente tão frequente na sociedade portuguesa.. falo, claro, da ausência a que forçaram a minha filha e da perda convivio e da partilhar quotidiana que tinha com o seu pai...


Tudo começou há sensivelmente 4 anos quando....

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Monogamia

Monogamy

Here Today, Gone Tomorrow


By Jacques Attali

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posted by Mikasmokas @ 10/22/2007   0 comments
domingo, outubro 21, 2007
Órfãos de pais vivos

Livro Amor de Pai, da psicóloga Maria Saldanha Pinto Ribeiro, conta a história de dois pais e dos seus filhos, vítimas da Síndrome de Alienação Parental. Leia aqui alguns excertos da sua colaboração no livro

Isabel Marques da Silva / VISÃO nº 742 24 Mai. 2007

«Nos tribunais ouve-se muitas vezes dizer que o interesse da criança é algo abstracto. Não é. O superior interesse de qualquer criança, salvo raríssimas excepções, é ter na sua vida a presença do pai, da mãe e da família alargada», diz Maria Saldanha Pinto Ribeiro, 65 anos, sobre a decisão habitual dos juízes de entregarem a poder parental à mãe, em casos de divórcio com filhos. A psicóloga e mediadora familiar observou, nas últimas duas décadas, inúmeros casos em que este «preconceito maternal» na guarda das crianças acaba por afastar o outro progenitor.

Este poder sobre os filhos, aliado à raiva e o desgosto pelo divórcio, lançam muitas mulheres numa cruel vingança, da qual as crianças são as maiores vítimas. Algumas vezes, estas mães usam uma arma que se tem revelado eficaz e muito destruidora: as falsas acusações de assédio sexual de pais aos filhos. No livro Amor de pai (Livros D’Hoje/D.Quixote), Maria Saldanha Pinto Ribeiro desmonta todo o processo da Síndrome de Alienação Parental, mas dá também voz a dois pais.

São homens que queriam estar muito presentes na vida dos filhos, nas tarefas e actividades de todos os dias. Com uma insinuação torpe, deixam de os poder ver, ou só o fazem supervisionados por técnicos. «Já viu o que é uma criança ter de se encontrar com o pai num sítio que não conhece, com alguém a tomar notas do que se passa? Há crianças que vomitam antes de ir. As mães dizem que é por irem ver os pais, mas as crianças vomitam é esta loucura dos humanos», conta Maria Saldanha Pinto Ribeiro. A psicóloga acrescenta que há pais que não querem sujeitar os filhos «a esta violência», mas que cedem porque «é a única forma de não perderem o contacto com elas».

Uma vez instalada a Síndrome de Alienação Parental, «perde-se a imagem de honra, de autoridade, de liderança daquele pai. As crianças vêm-no como um badameco, alguém que lhes pode fazer mal», explica a psicóloga. Se a culpa inicial é da mãe, que pôs em marcha o processo, há outros intervenientes que não se coíbem de o levar até ao limite. «Há advogados sem escrúpulos que não se preocupam nada com o bem-estar das crianças; só lhes interessa ganhar os processos. Conhecem os passos que têm de ser dados para chegar a este resultado».

O pai de Vera e o pai de Rita e Paulo conseguiram provar a sua honorabilidade ao fim de muitos anos de batalha jurídica, mas perderam, possivelmente para sempre, o amor dos filhos. A VISÃO publica alguns excertos da sua colaboração no livro.


Excertos
O pai de Vera

«Eu interessava-me pelo dia-a-dia da minha filha: vivia para ela, levava-a a passear com as amigas. Ensinava-a, protegia-a. Fui pai tardiamente e fui sempre filho único, acho muito naturais as minhas preocupações de então».

«Durante alguns meses sou instado para que saia. E os hábitos da casa vão ser alterados, no sentido de me porem de lado. A nossa filha passa a dormir com a mãe noutro quarto. (...) Eu nem imaginava, mas o contexto que irá permitir a insinuação de assédio já estava a ser construído».

«Pus contra mãe um processo-crime. Por difamação. E sabe que perdi? Elas vêm dizer que nunca me acusaram de nada. Eram apenas suposições».

«O tribunal levou cinco anos para dizer que eu não sou um pai perverso e que não resultaram provadas quaisquer práticas de assédios ou abusos sexuais sobre a Vera, minha filha. Cinco anos para eu perder irremediavelmente a minha filha, que já me não quer ver».

O pai de Paulo e de Rita

«Um dia antes de eu ir com eles de férias, o tribunal recebeu uma carta dizendo que a mãe soube de um episódio aterrador, passado três ou quatro meses antes. Eu teria, na companhia de uns amigos, em casa, visto filmes pornográficos, na companhia deles e da minha filha Rita».

«Punha palavras na boca do nosso filho que eram dela. Dizia que o filho se refere ao pai como esse homem. Dizia que eram palavras do Paulo. Mas, evidentemente, eram dela. Ele repetia o que a mãe ou os avós quisessem e lhe ensinassem».

«A minha ex-mulher foi condenada a 120 dias de prisão pagos, e 3500 euros de indemnização por danos em relação a mim. Mas nada veio repor o que senti e ainda sinto hoje, e o mal que me foi feito. Nunca mais vi os meus filhos. A mãe manda dizer para eu os ir ver a casa dela. A minha filha tem medo, terror. Não a quero constranger mais».

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posted by Mikasmokas @ 10/21/2007   0 comments
Pequena história para se compararem personalidades, valores, comportamentos...
Ontem estive com uma amiga minha que me contou a história da vida dela relacionada com a separação dela e com a filha dela:
separou-se do pai da filha dela, com quem teve um relacionamento de vários anos (portanto, viviam juntos) e com essa separação encontrou-se numa situação complicada. É algarvia, continuava a não ter grande integração social em Lisboa, tinha-se mudado para um novo emprego e tinha dificuldades em assumir as despesas de estar sozinha com uma filha. Estava meio desesperada e pensou mesmo em voltar para o Algarve. Mas no entanto houve um principio, um valor e um sentimento superior a tudo isso: o verdadeiro interesse em relação à filha!
isso traduziu-se em que ela foi incapaz de separar a filha do pai e fez de tudo para ficar em Lisboa, para que a filha tivesse o direito de conviver com o pai. Fez sacrifícios profissionais, pessoais, dialogo sempre com o ex-companheiro, mas o superior interesse da filha prevaleceu....
No meu caso, parece que o superior interesse da minha ex é o umbigo dela, a necessidade de ter uma filha como muleta emocional, a insensibilidade para o facto da ausência do pai da filha significar uma marca significativa na personalidade dela para o futuro, as mais valias que tem com a mudança para a cidade do Porto (casa gratuita, progressão na carreira, volta para os amigos da adolescência (demonstrando a imaturidade ao recusar a passar para um novo ciclo de vida deixando essa ligação social do passado)), etc.

Uma pequena-grande história de vida que serve para demonstrar a diferença de carácter, valores e verdadeiros afectos altruístas...

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posted by Mikasmokas @ 10/21/2007   0 comments
sábado, outubro 20, 2007
Nos outros países...
o Brasil tem um Ministério da Juventude, Infância e Terceira idade

a Dinamarca tem um Min. of Family & Consumer Affairs

o Reino Unido tem um Sec. of State for Children, Schools, & Families

a Holanda tem o Min. of Youth & Family Affairs

a Alemanha tem o Min. for Family, Seniors, Women, & Youth

o Luxemburgo tem o Min. of Family & Integration

a Austrália tem o Min. for Families, Community Services, & Indigenous Affairs

a Irlanda tem o Min. for Health & Children e o Min. for Social & Family Affairs




E Portugal para estas matérias tem as competências do Estado espanhadas por estes Ministérios:

Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social [MTSS]
Ministério da Saúde [MS]
Ministério da Educação [ME]
Ministério da Justiça [MJ]

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posted by Mikasmokas @ 10/20/2007   0 comments
quinta-feira, outubro 18, 2007
Apetece-me...
transformar este meu blog num babyblog negativo.. expor anónimante (pelo menos para a maioria) a angustia que é ser afastado da filha em quem se investiu tanto emocionalmente e cuja sociedade não reconhece nem protege esse investimento por parte do homem, neste caso, eu...

a minha filha partiu hoje sem que eu pudesse dar-lhe um abraço e dizer que gosto muito dela.. que foi e é a pessoa que eu mais gosto e que o faço de forma completamente desinteressada, pelo simples prazer de o poder fazer. Mas não o posso fazer mais, pelo menos para já e no futuro provavelmente sem qualquer frequência quotidiana...

não percebo porque se estimula os afectos se societalmente os penaliza pelo seu enquadramento legal e judicial... mesmo no âmbito social sou frequentemente confrontado com dúvida em relação à veracidade do meu comportamento, sintomático do paradigma de valores dominantes na nossa sociedade..

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posted by Mikasmokas @ 10/18/2007   1 comments
As emoções e os afectos
As emoções têm uma forte expressão corporal, uma base fisiológica inata, segundo alguns autores. São sentimentos passageiros, pressionados pelos acontecimentos e pelas ansiedades que se acumulam durante o transcorrer da convivência grupal. Requerem um constante esvaziamento ou expressão. Podem desencadear desestruturação ou alívio. Assim, uma explosão emocional como o choro, por exemplo, depois de uma reprimenda ou discussão, pode criar alívio passageiro, porém, mais tarde, pode deixar um rastro de culpa pela sensação de ter "manchado" a imagem.

Já os sentimentos mais duradouros, como a afetividade, por exemplo, significam que uma pessoa está implicada com algo ou alguém e este fato pode se constituir desde emoções simples até os sentimentos mais complexos que caracterizam a própria personalidade do indivíduo.

Afeto constitui-se no amplo espectro de sentimentos associados à história das relações. Estrutura o entrelaçamento das subjetividades pessoais, sejam as atitudes solidárias, as antipatias, os enfrentamentos, as lealdades ou as oposições. O poder do afeto é a possibilidade de determinar as ações, as condutas, os pensamentos que se terá diante desta ou daquela pessoa.

A criação do vínculo afetivo leva tempo. Quer dizer, é necessário compartilhar história para que os laços afetivos se solidifiquem.

Os fatores afetivos implicam, num nível mais profundo, o aprendizado de formas adequadas para expressar uma variada gama de sentimentos e emoções.

Outro aspecto importante da dimensão afetiva são os afetos disfuncionais que interferem na interação social. Entre eles estão a ansiedade e a depressão. Na base destes afetos, está o sentimento de perda, sendo que os mais importantes são: a perda de um grande amor, a perda do controle e a perda da auto-estima.

Dentre estas perdas, a mais significativa é a da auto-estima, responsável pelo bloqueio das idealizações do nosso Ego.

Como sabemos, a auto-estima é a dimensão afetiva do autoconceito, implicando um sentido de eficiência pessoal e um sentido de autovalorização.

Segundo Reasoner, a auto-estima se refere a um sentido de auto-respeito, confiança, identidade e propositividade do indivíduo. Sua presença permite identificar os indivíduos bastante produtivos daqueles que fracassam, desistem ou sucumbem às drogas e à bebida como um tipo de escapismo.

Os indivíduos de elevada auto-estima revelam um acentuado grau de aceitação de si mesmos e dos demais. As pessoas de elevada auto-estima se sentem seguras em seu ambiente e nas suas relações sociais. Revelam um sentimento de pertença e de vinculação aos outros.

Quando enfrentam desafios ou problemas, reagem com confiança e geralmente são bem sucedidas. Sentem-se orgulhosos de si mesmos e se responsabilizam pelos próprios atos. Em contraste com elas, estão os indivíduos que apresentam baixa auto-estima: são medrosos e não se arriscam por temer o fracasso, preocupam-se com o que os outros pensam deles ou de seus atos e geralmente não são capazes de fazer frente aos desafios.

Pessoas que possuem baixa auto-estima, embora saibam o que fazer para atingir certas metas em uma situação social, nem sequer tentam porque se sentem incapazes.

A perda verdadeiramente mais difícil de aceitar é aquela que faz o indivíduo se enxergar através de si mesmo e se constatar tão carente de recursos. Portanto, o primeiro passo para lidar com nossas perdas é admitir nossa fraqueza e vulnerabilidade diante dos reveses da vida.

Em segundo lugar, devemos nos posicionar francamente diante daquele ou daquilo que magoa; a mágoa drena nossas energias; portanto, precisamos compensar esta drenagem dirigindo nossos sentimentos negativos para fora de nós mesmos. Deixemos que nossa mágoa se torne problema da pessoa que a provocou.

Em todos os casos, é importante colocarmo-nos diretamente em contato com a dor e o prazer da vida, com nossos sentimentos e experiência como realmente são, pois isto é o que nos dá a liberdade de fazer um ajuste mais realista e positivo em relação ao mundo.

Em suma, magoa-nos perder algo importante; porém, magoa-nos muito mais fingir de outra maneira.

Coloquemo-nos diante da realidade criticamente, esperando dela apenas aquilo que ela pode lhe oferecer. Esperar mais do que isto só nos predispõe a sermos magoados de forma ainda pior, desnecessariamente.

Em todo momento, portanto, estejamos atentos a nós mesmos, pois, ao menor descuido, voltamos a adormecer e a nos tornar suscetíveis a novos desenganos.

Aos que nunca nos apreciaram, aquela crise afetiva que foi um vendaval em nossos projetos de vida, aqueles ideais que nunca pudemos realizar, deixemos todos à paz dos mortos e nós vivamos.

Se as inevitáveis perdas diárias às quais o indivíduo está sujeito são as responsáveis pelas diferentes perturbações de ordem física e psicológica vivenciadas por ele, a promoção de saúde consistirá em aprender a lidar com estas perdas diminuindo o grau de ansiedade e perturbação mental desencadeadas por elas.

A regra de ouro é a seguinte: deixar que as coisas sejam o que são. Uma vez que chegamos à conclusão de que não há mais nada a fazer de nossa parte, e que os fatos seguem paralelamente ao nosso lado sem nosso consentimento, a razão aconselha aceitá-los com toda a calma, quase com doçura.

Aceitar significa admitir, sem irritação, que o outro seja tal como é, que as coisas sejam como são. Em lugar de nos irritarmos, deixemos que cada coisa, uma por uma, seja.

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posted by Mikasmokas @ 10/18/2007   0 comments
A incompreensão...
tema a reflectir...
posted by Mikasmokas @ 10/18/2007   0 comments
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