Reflexões de um Caracol à Beira da Estrada
Será a experiência estética a experiência do mundo.... o devir é um devir estético... ou será que devo atravessar a estrada?
quinta-feira, outubro 18, 2007
As emoções e os afectos
As emoções têm uma forte expressão corporal, uma base fisiológica inata, segundo alguns autores. São sentimentos passageiros, pressionados pelos acontecimentos e pelas ansiedades que se acumulam durante o transcorrer da convivência grupal. Requerem um constante esvaziamento ou expressão. Podem desencadear desestruturação ou alívio. Assim, uma explosão emocional como o choro, por exemplo, depois de uma reprimenda ou discussão, pode criar alívio passageiro, porém, mais tarde, pode deixar um rastro de culpa pela sensação de ter "manchado" a imagem.

Já os sentimentos mais duradouros, como a afetividade, por exemplo, significam que uma pessoa está implicada com algo ou alguém e este fato pode se constituir desde emoções simples até os sentimentos mais complexos que caracterizam a própria personalidade do indivíduo.

Afeto constitui-se no amplo espectro de sentimentos associados à história das relações. Estrutura o entrelaçamento das subjetividades pessoais, sejam as atitudes solidárias, as antipatias, os enfrentamentos, as lealdades ou as oposições. O poder do afeto é a possibilidade de determinar as ações, as condutas, os pensamentos que se terá diante desta ou daquela pessoa.

A criação do vínculo afetivo leva tempo. Quer dizer, é necessário compartilhar história para que os laços afetivos se solidifiquem.

Os fatores afetivos implicam, num nível mais profundo, o aprendizado de formas adequadas para expressar uma variada gama de sentimentos e emoções.

Outro aspecto importante da dimensão afetiva são os afetos disfuncionais que interferem na interação social. Entre eles estão a ansiedade e a depressão. Na base destes afetos, está o sentimento de perda, sendo que os mais importantes são: a perda de um grande amor, a perda do controle e a perda da auto-estima.

Dentre estas perdas, a mais significativa é a da auto-estima, responsável pelo bloqueio das idealizações do nosso Ego.

Como sabemos, a auto-estima é a dimensão afetiva do autoconceito, implicando um sentido de eficiência pessoal e um sentido de autovalorização.

Segundo Reasoner, a auto-estima se refere a um sentido de auto-respeito, confiança, identidade e propositividade do indivíduo. Sua presença permite identificar os indivíduos bastante produtivos daqueles que fracassam, desistem ou sucumbem às drogas e à bebida como um tipo de escapismo.

Os indivíduos de elevada auto-estima revelam um acentuado grau de aceitação de si mesmos e dos demais. As pessoas de elevada auto-estima se sentem seguras em seu ambiente e nas suas relações sociais. Revelam um sentimento de pertença e de vinculação aos outros.

Quando enfrentam desafios ou problemas, reagem com confiança e geralmente são bem sucedidas. Sentem-se orgulhosos de si mesmos e se responsabilizam pelos próprios atos. Em contraste com elas, estão os indivíduos que apresentam baixa auto-estima: são medrosos e não se arriscam por temer o fracasso, preocupam-se com o que os outros pensam deles ou de seus atos e geralmente não são capazes de fazer frente aos desafios.

Pessoas que possuem baixa auto-estima, embora saibam o que fazer para atingir certas metas em uma situação social, nem sequer tentam porque se sentem incapazes.

A perda verdadeiramente mais difícil de aceitar é aquela que faz o indivíduo se enxergar através de si mesmo e se constatar tão carente de recursos. Portanto, o primeiro passo para lidar com nossas perdas é admitir nossa fraqueza e vulnerabilidade diante dos reveses da vida.

Em segundo lugar, devemos nos posicionar francamente diante daquele ou daquilo que magoa; a mágoa drena nossas energias; portanto, precisamos compensar esta drenagem dirigindo nossos sentimentos negativos para fora de nós mesmos. Deixemos que nossa mágoa se torne problema da pessoa que a provocou.

Em todos os casos, é importante colocarmo-nos diretamente em contato com a dor e o prazer da vida, com nossos sentimentos e experiência como realmente são, pois isto é o que nos dá a liberdade de fazer um ajuste mais realista e positivo em relação ao mundo.

Em suma, magoa-nos perder algo importante; porém, magoa-nos muito mais fingir de outra maneira.

Coloquemo-nos diante da realidade criticamente, esperando dela apenas aquilo que ela pode lhe oferecer. Esperar mais do que isto só nos predispõe a sermos magoados de forma ainda pior, desnecessariamente.

Em todo momento, portanto, estejamos atentos a nós mesmos, pois, ao menor descuido, voltamos a adormecer e a nos tornar suscetíveis a novos desenganos.

Aos que nunca nos apreciaram, aquela crise afetiva que foi um vendaval em nossos projetos de vida, aqueles ideais que nunca pudemos realizar, deixemos todos à paz dos mortos e nós vivamos.

Se as inevitáveis perdas diárias às quais o indivíduo está sujeito são as responsáveis pelas diferentes perturbações de ordem física e psicológica vivenciadas por ele, a promoção de saúde consistirá em aprender a lidar com estas perdas diminuindo o grau de ansiedade e perturbação mental desencadeadas por elas.

A regra de ouro é a seguinte: deixar que as coisas sejam o que são. Uma vez que chegamos à conclusão de que não há mais nada a fazer de nossa parte, e que os fatos seguem paralelamente ao nosso lado sem nosso consentimento, a razão aconselha aceitá-los com toda a calma, quase com doçura.

Aceitar significa admitir, sem irritação, que o outro seja tal como é, que as coisas sejam como são. Em lugar de nos irritarmos, deixemos que cada coisa, uma por uma, seja.

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posted by Mikasmokas @ 10/18/2007  
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