Reflexões de um Caracol à Beira da Estrada
Será a experiência estética a experiência do mundo.... o devir é um devir estético... ou será que devo atravessar a estrada?
domingo, outubro 19, 2008
Relações em "V" e em triângulo / Poliamor é um novo modelo de relação

Relações em "V" e em triângulo

00h30m

"Tento não esconder nada a ninguém. É a forma mais eficaz de sermos aceites e respeitados." Álvaro Maia assume, com uma abertura desconcertante, um estilo de vida muito pouco convencional. Mas nada é convencional no percurso deste homem de 38 anos.

Da geração beat ao movimento hippy, do anarquismo à ecologia e ao vegetarianismo, muitas são as influências que integrou no seu percurso. O poliamor surgiu naturalmente quando percebeu que, depois de a sua namorada de longos anos o ter deixado, sentia-se "estranhamente feliz". Foi o fim da monogamia.

Pouco tempo depois, ouviu falar da ecocomunidade Tamera, no Alentejo, e foi lá que descobriu o poliamor. Desde então, já teve várias parceiras e, actualmente, vive com a Caren, uma alemã de quem tem uma filha de dois anos. Caren "destronou" a holandesa Petra da condição de parceira principal, o que não significa que a relação tenha terminado.

Com Petra, Álvaro tem um filho, que nasceu 15 dias antes da menina que gerou com Caren. Nos primeiros tempos, a situação não foi pacífica, mas agora os três têm uma boa relação e a hipótese de Petra deixar Amesterdão para passar a viver, em Sintra, com Álvaro e Caren e as três crianças (duas da alemã e uma da holandesa) está a ser ponderada. A acontecer, será um triângulo aberto (os três elementos relacionam-se intimamente com os outros dois e têm liberdade para viverem relacionamentos com pessoas exteriores à rede).

A família de Álvaro bem como os moradores da aldeia de Penedo - Espírito Santo sabem do seu estilo pouco convencional de vida. E aceitam. Álvaro não esconde que não foi fácil aos seus pais aprovarem o modelo de conjugalidade que escolheu, mas acabaram por compreender e desistiram de se opor às escolhas de Álvaro. Já aconteceu aparecer com duas mulheres nas reuniões familiares e a situação foi pacífica. "Ao longo da vida, sempre assumi as minhas escolhas, mesmo quando não eram convencionais. Não escondo quem sou."

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1031178



Poliamor é um novo modelo de relação

HELENA NORTE

Relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não é só sexo. Sexo e afecto. Amores múltiplos. Poliamor. Um conceito novo para uma prática que sempre terá existido e que desafia um dos tabus maiores da nossa sociedade: a monogamia.

Uma nova forma de conjugalidade, sem exclusividade afectiva e sexual e com igualdade de direitos. O que significa que não há lugar para traições, ilusões ou infidelidades. Porque ninguém é enganado.

Não se trata de apenas sexo, como acontece com o swinging ou a infidelidade sexual consentida, em que os envolvimentos emocionais estão proibidos. No poliamor (ou polyamory), a afectividade é a dimensão mais importante.

"O poliamor retira o peso excessivo ao sexo", defende Ana ou Antidote como é conhecida no activismo do poliamor ou da não monogamia responsável. E acrescenta: "O mandamento da monogamia, da exclusividade, é substituído pelo mandamento da honestidade: não pode haver ninguém enganado".

Difere também da poligamia - prática em que um dos cônjuges (normalmente o homem) tem vários parceiros - pela democratização dos direitos. "A não fidelidade masculina era socialmente aceite, enquanto a infidelidade feminina sempre foi, e ainda é nalgumas culturas, severamente punida. O poliamor é uma estratégia de democratização das relações íntimas", sublinha João Oliveira, sociólogo e docente do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Lisboa).

Não se sabe quantos poliamorosos existem em Portugal. A introdução do conceito, no nosso país, é relativamente recente. A mailing list poly_portugal conta com cerca de 60 participantes, número que não traduz a real dimensão da comunidade de poliamorosos em Portugal, explica Ana, uma das moderadoras do fórum.

Lara criou, há cinco anos, o site poliamor.pt, que recebe cerca de 170 visitas por mês. Mais recentemente, começaram a organizar-se, em Lisboa, encontros semanais de pessoas interessadas nesse estilo de vida.

O facto de agora começar a ser divulgado um conceito que traduz o que muitos já sentiam como sendo a sua forma de estar nos relacionamentos, mas não sabiam como designar, pode "facilitar a que apareçam mais pessoas que se identifiquem com essa prática", considera o sociólogo.

Neste modelo, não são os papéis de género que organizam a relação nem é a tradição que regula o que é ou não permitido. "É uma proposta com o objectivo de libertar as pessoas de formas de relacionamento que as limitam", sublinha o investigador.

Para Gabriela Moita, psicóloga clínica especializada em sexualidade e docente universitária, "o ser humano não é monogâmico ou polígamo por natureza". "É a socialização que nos ensina a forma de pensar e seleccionar os sentimentos, levando-nos a reprimir ou a permitir certo tipo de emoções", acrescenta.

"Quase todas as pessoas já sentiram emoções por várias pessoas ao mesmo tempo. Mas, o que normalmente acontece é a pessoa colocar-se em causa, considerando que há algo de errado consigo ou com a relação que tem. E, como é socialmente condenado, acaba por escolher um dos sentimentos", explica a psicóloga.

Este é o comportamento mais habitual, o que não significa que seja o mais saudável. "Tudo o que traga liberdade aumenta a saúde mental", frisa Gabriela Moita, acrescentando que o que causa problemas é o "amor dependente". Ou seja, "esperar que o outro nos complete e seja tudo para nós".

Trata-se, porém, de uma opção que não é fácil de assumir. À excepção de um caso, todas as pessoas que falaram ao JN solicitaram o anonimato. Por receio de sanções familiares, sociais e até profissionais. Colocar em causa a monogamia é encarado como um ataque à instituição do casamento e espoleta reacções extremas.

Mas será que as novas formas de conjugalidade são uma ameaça social? "O poliamor é uma alternativa de estilo de vida, um outro modelo de relacionamento. Não ameaça nem substitui o que já existe", defende o sociólogo João Oliveira.


http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1031151


Etiquetas: , , , , , , ,

posted by Mikasmokas @ 10/19/2008  
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home
 
About Me

Name: Mikasmokas
Home:Lisboa
About Me:queria eu saber
See my complete profile
Previous Post
Archives
Shoutbox

nada a declarar

Links
Free Hit Counter
Free Counter

PageRank
Powered by

Blogger Templates

BLOGGER