quinta-feira, fevereiro 23, 2006 |
Histórico das pesquisas sobre vício e comportamento patológico na Internet |
Histórico das pesquisas sobre vício e comportamento patológico na Internet: Histórico das pesquisas Caracterização de vício, dependência e uso patológico de Internet Características dos usuários e efeitos da dependência, vício e uso patológico da Internet Diferenças de uso: Aplicações Usadas: Extenção dos problemas Problemas familiares Problemas acadêmicos Problemas ocupacionais Outras características dos usuários Apesar da Internet ocupar atualmente um grande espaço na mídia e estar crescendo em grande velocidade, os pesquisadores na área de Psicologia apenas recentemente começaram a estudar hábitos de conexão, mudanças na vida das pessoas e problemas decorrentes do uso da Internet. O que resulta disso são poucos artigos publicados em periódicos especializados. Levando-se em conta a dificuldade de acesso a estes periódicos no Brasil, reduz-se ainda mais o número de trabalhos a que se pode ter acesso. Como a velocidade do conhecimento caminha mais rápido na Internet do que nos meios tradicionais de comunicação, grande parte dos artigos citados neste trabalho foram obtidos na própria Internet, por serem mais detalhados e em maior quantidade. (Como não existe um critério para a publicação de artigos na Internet, os artigos que não continham referências sobre outros estudos e autores não foram utilizados.) Os primeiros estudos formais sobre comportamento na Internet foram feitos em 1996 pela Dra. Kimberly S. Young, da Universidade de Pittsburgh Braford e, posteriormente, por outros autores como: Brenner, (1997); Egger, (1996) e Thompson, (1996) que também estudaram formalmente comportamento e vício em Internet. (Young, 1997a) Kimberly S. Young iniciou seu estudo a partir de relatos anedóticos que indicavam que usuários on-line estavam ficando viciados em Internet da mesma maneira que outras pessoas tornavam-se viciadas em álcool, drogas e jogos, com conseqüências significantes resultantes de tal uso nas áreas acadêmicas, sociais e ocupacionais. Porém, o conceito de vício em Internet ainda não havia sido empiricamente estudado. O primeiro estudo de Young investiga a existência do vício em Internet usando uma versão adaptada do DSM IV para jogo patológico. Seu estudo exploratório serviu para se definir um critério utilizável de vício, para identificar casos de vício em Internet e para determinar se isto deveria ser uma preocupação para profissionais da Saúde Mental. Voluntários respondiam a anúncios procurando "Usuários Ávidos de Internet" postados numa amostra randômica de newsgroups, anúncios em jornal em âmbito nacional e internacional, e em anúncios colocados no campus universitário local. As informações foram coletadas via e-mail, entrevistas telefônicas e entrevistas pessoais com os sujeitos. Inicialmente os sujeitos eram classificados como "dependentes" ou "não dependentes", baseado num questionário de oito itens. Posteriormente eram apresentadas aos sujeitos questões abertas relativas a quantidades de horas gastas on-line, tipos de aplicação usadas na Internet e possíveis problemas causados em suas vidas em decorrência do uso da Internet. Também era perguntado aos sujeitos o grau dos problemas em termos de deterioração: nenhuma, leve, moderada ou severa. Foram feitas análises de conteúdo dos dados recebidos para identificar o leque de características, comportamentos e atitudes. Dados demográficos sobre cada sujeito também foram coletados (Young, 1996a). A autora, a partir deste estudo, publicou vários trabalhos relacionados ao vício em Internet (Young, 1996b, 1997a, 1997b, 1997c) e sobre intervenções on-line (Young, 1998a, 1998b), que serão abordados posteriormente neste trabalho. Nas outras pesquisas da autora, foi usado também questionário on-line. Viktor Brenner (1997) da Marquette University Counseling Center e SUNY-Buffalo, desenvolveu o "Internet Usage Survey" para compreender assuntos de uso, abuso e potencial vício na Internet. O questionário avaliava a amplitude de conseqüências que os usuários experienciavam devidas ao uso, desde perder a noção de tempo on-line até ser incapaz de diminuir o número de horas conectado, provendo então uma figura de padrões normais de uso para ajudar a definir uso excessivo e abuso. O método utilizado foi um questionário on-line (Internet Related Addictive Behavior Inventory) com 32 perguntas tipo verdadeiro/falso abordando experiências similares aquelas associadas ao abuso de substância do DSM IV e mais quatro itens de baixa freqüência para eliminar respostas falsas ou descuidadas. (Brenner, 1997) (O autor havia publicado um texto preliminar sobre a mesma pesquisa na Internet desde 1996, porém o texto foi retirado do ar e, portanto, não utilizado neste trabalho.) Um outro autor, Oliver Egger (1996), do Swiss Federal Institute of Tecnology em Zurich, resolveu pesquisar o tema a partir das reportagens de vício em Internet, dos artigos publicados na Web nas áreas de psicologia, jornalismo, pesquisa e também sobre pessoas que se descreveram como viciadas em Internet, onde alguns usuários de MUD’s (Multi User Dungeon ou Jogos Multi Usuários), IRC, newsgroups, gopher ou mesmo WWW mencionavam que estavam viciados nestas aplicações. Foi usado um questionário on-line construído em alemão e em inglês, pra segundo o autor, ter se a possibilidade de distribuí-lo em todo o mundo, dividido em cinco partes (social, uso, sentimentos, experiências e geral) para ter uma visão geral sobre o comportamento e sobre o vício em Internet. Como não havia nenhum grupo diretamente interessado num questionário como o que foi usado, o autor utilizou um sorteio para induzir mais pessoas a participar da pesquisa e teve o cuidado de não adicionar nenhum recurso novo na página que continha o seu questionário para que os Browsers antigos pudessem acessá-lo. O endereço do questionário foi distribuído em newsgroups, por e-mail e também em páginas WWW, sendo que este ficou seis semanas aberto para as respostas. (Egger, 1996). A partir destes estudos, Steve Thompson (1996) Pesquisador da Pennsylvania State University relatou que as pesquisas conduzidas na área tentaram sistematicamente construir uma tipologia das desordens relacionadas ao uso da Internet. Porém, palavras como "vício" e "dependência" não são tão distintivas neste âmbito como são no âmbito de abusos de substâncias como álcool, narcóticos e jogos. Seu estudo faz uma tentativa preliminária de determinar os padrões de uso entre os auto-classificados viciados e dependentes, e tenta, pela primeira vez, um esquema de classificação (reclassificação) baseado na freqüência de uso e conseqüências percebidas. O autor não teve como objetivo determinar se existe um vício genuíno em Internet, ou seja um conceito de vício aceito por toda a comunidade científica. Segundo Thompson, 1996: "Accessing the Internet for e-mail, stock quotes, employment opportunities, cybersex and the further acquisition of knowledge are all among the most common reasons given for increased Internet connectivity. New techological advances help make access to the Internet a habitual process for many people today. Consequently, many individuals are suddenly realizing that they have made their connection to the Internet a priority in their lives, and that there may be more than just a monetary price attached tho their habit." "Acessar a Internet para e-mail, bolsa de valores, oportunidades de trabalho, Cybersexo e posteriormente aquisição de conhecimento estão entre as razões mais comuns dadas para a crescente conexão com a Internet. Novos avanços tecnológicos ajudam o acesso a Internet a ser um processo habitual para muitas pessoas hoje em dia. Consequentemente, muitos indivíduos de repente percebem que eles tornaram a conexão com a Internet uma prioridade em suas vidas, e que pode haver mais do que apenas um preço monetário anexado em seus hábitos" (Thompson, 1996, sem pagina) O que então pode levar à suposição de que parte dos usuários estão viciados ou dependentes. O foco do estudo esteve nas diferenças dos que parecem estar viciados dos que parecem estar dependentes. O autor tomou como premissa básica que existem diferenças entre estes dois tipos de usuários, e que existem conseqüências que determinam os dois grupos de acordo com seus padrões de uso, bem como as similaridades que compartilham validades iguais. Os critérios adotados pelo autor para a diferenciação de vício e dependência serão abordados posteriormente. A partir da imersão do autor no ambiente de estudo, foi desenvolvido um questionário on-line (McSurvey). Os sujeitos eram convidados via e-mail a responder o questionário a partir dos sites que continham assuntos sobre vício, dependência ou algum tipo de engajamento com os hábitos de conexão. O questionário consistia em mais de 30 questões, em sua maioria abordando hábitos de conexão. Além do e-mail convite, outras tecnologias também foram usadas pelo autor para que os sujeitos pudessem encontrar a pesquisa: mecanismos de busca, vídeo conferências, e serviços de chat. Dando continuidade a seu trabalho, Young (1997b, 1997c) realizou uma outra pesquisa para aprofundar seus conhecimentos sobre dependência da Internet. Como pouca pesquisa havia sido feita sobre as características ligadas às populações "de risco" definida pela autora como sendo uma população potencial para desenvolver vício em Internet, o estudo então pretendeu expandir este conhecimento para avaliar características de personalidade associadas à incidência de uso patológico de Internet (PIU) utilizando o Sexteen Personality Factor Inventory (16PF) Young & Rodgers (1997b). A autora também utilizou neste estudo o Beck Depression Inventory (BDI), porque, segundo a autora, tem instrumentos clínicos e psicométricos válidos para estudar mais profundamente os efeitos da depressão em PIU. (Young, 1997c) A autora utilizou um questionário on-line, que era encontrado via mecanismos de busca populares na Web, através das palavras "Internet" e "addiction". Também foram colocadas mensagens em fóruns de grupos de suporte para viciados e dependentes. Inicialmente, os sujeitos eram classificados como "dependentes" ou "não dependentes" de acordo com o questionário de oito itens. Foram também coletados dados demográficos sobre os sujeitos além das respostas aos testes de personalidade e depressão. Todos os autores que realizaram estas pesquisas discutem em seus trabalhos as vantagens, desvantagens e limitações de se utilizar de um questionário on-line como instrumento de pesquisa. Young (1996a) relata que o fato da maioria de dependentes em seus estudos serem mulheres, pode ser devido ao fato de ser uma pesquisa auto-escolhida. Também pode ser mais provável que as mulheres discutam assuntos ou problemas emocionais mais que os homens, dado que a resposta à pesquisa é auto-escolhida pelos sujeitos. Young & Rodgers (1997b) aponta que a generalização dos resultados deve ser feita com cuidado e mais pesquisas com amostras maiores devem ser feitas para produzir resultados mais precisos. Brenner (1997) relata algumas desvantagens quanto à utilização de questionários on-line: ser questionário auto-escolhido, serem os usuários da Internet ainda poucos em comparação com toda a população, dentro da população dos usuários da Internet, a pesquisa pode estar inclinada para os usuários da Web, já que para responder ao questionário é necessário que o usuário tenha acesso à Web. O autor também discute as vantagens de se utilizar este instrumento: grande variedade de amostras de diferentes idades, nacionalidades e fundos culturais, sociais e educacionais e baixo custo. Egger (1996) discute que seus dados não são representativos devido a: nem todas as pessoas que usam a Internet terem acesso à Web, pessoas que usam a Internet apenas como um meio de comunicação ou que jogam MUD’s podem nunca ter recebido o convite ao questionário, a participação na pesquisa é puramente opcional e a distribuição não foi feita randomicamente, e "grupos" de usuários diferentes foram procurados. Também houve uma maior distribuição do questionário na Suíça do que em qualquer outro pais. As principais pesquisas desenvolvidas na Internet sobre comportamento de dependência, vício e uso patológico foram abordadas neste capítulo. A seguir serão abordados os diferentes critérios para a definição de vício e dependência, características demográficas dos usuários e resultados. Caracterização de Vício, Dependência, e Uso Patológico de Internet Apesar de todos os autores trabalharem com a hipótese de que existe vício e dependência da Internet, não existe muita coerência entre os critérios utilizados, o que provocou certa discussão no meio acadêmico. Young (1996b) relata que a maneira clínica de se definir vício em Internet é compará-la a outros critérios de vícios estabelecidos. Porém, o termo vício não aparecia na versão mais recente do DSM IV. A autora então escolheu o critério de dependência de substância, pois está perto de um modelo global de vício e provê uma boa definição de vício. Os critérios utilizados foram: síndrome de abstinência, tolerância, preocupação com a substância, uso mais intenso ou mais freqüente do que o pretendido, atividades centralizadas para obter mais substância, perda de interesse em outras atividades sociais, ocupacionais e recreacionais e descuido com as conseqüências físicas ou psicológicas causadas pelo uso da substância. Se o sujeito respondesse sim a três (ou mais) de um total de sete perguntas, então era classificado como viciado (Young, 1996b). Porém, em todos os outros artigos da mesma autora uma outra definição embora parecida é relatada: Young (1996a, 1997a 1997b, 1997c, 1998a, 1998b) definiu como vício em Internet, o critério de jogo patológico adaptado do DSM IV. Se o sujeito respondesse "sim" para cinco ou mais itens, de um total de oito, era classificado como dependente. (Dado que todos estes artigos foram coletados na Web, eles sofreram "atualizações" da autora, então não é possível se ter clareza de quando foi que ela modificou seu critério de classificação, já que o texto disponível não é exatamente o mesmo que o original) As oito perguntas utilizadas por ela foram: 1 Você se sente preocupado com a Internet ( pensa sobre as suas conexões anteriores ou antecipa as suas próximas conexões)? 2.Você sente uma necessidade de usar a Internet com crescentes períodos de tempo da conexão para poder atingir satisfação? 3.Você fez tentativas repetidas de tentar, sem sucesso, controlar, diminuir ou parar de usar a Internet? 4.Você se sente inquieto, mal-humorado, depressivo ou irritado quando tenta diminuir ou parar o seu uso da Internet? 5.Você fica on-line mais tempo do que tinha planejado? 6.Você desafiou ou colocou em risco a perda de relacionamentos significantes, trabalho, escola ou oportunidades de carreira por causa da Internet? 7.Você já mentiu para membros da família, terapeuta, ou outros para esconder a extensão de seu envolvimento com a Internet? 8.Você usa a Internet como uma forma de escapar de problemas ou para se aliviar de um mau humor ( ex.: sentimento de solidão, culpa, ansiedade, depressão). Não se sabe ao certo quando foi que a autora mudou seu critério, porém temos uma pista de porque isto aconteceu em um de seus artigos: (Young, 1998b). Ela discute que quando o seu critério foi primeiramente introduzido, iniciou-se um debate controverso tanto entre clínicos quanto entre acadêmicos. Parte deste debate centrou-se na proposição de que apenas a ingestão substâncias químicas poderia ser denominada "viciante". Enquanto muitos acreditam que o termo vício poderia ser aplicado apenas em casos de ingestão de substâncias, a definição de vício se moveu além desse critério para incluir um grande número de comportamentos que não envolvem uma substância tóxica como, jogo compulsivo, jogo de vídeo-game, comer demais, fazer exercícios e outros. Um outro elemento controverso relacionado ao uso do termo vício em Internet é que, diferentemente da dependência química, a Internet oferece muitos benefícios diretos como um avanço tecnológico em nossa sociedade e não seria um dispositivo a ser criticado como "viciante". Em geral, a Internet é um dispositivo altamente promovido tecnologicamente, fazendo com que a detecção e diagnóstico de vício seja dificultado, portanto, essencial que o clínico qualificado entenda as características que diferenciam o uso comum do uso patológico. O diagnóstico formal é freqüentemente complicado, dado o fato de não existir um critério aceito de vício, muito menos de vício em Internet listado no DSM IV. Usando o DSM IV como modelo, vício em Internet pode ser definido como uma desordem de controle de impulsos que não envolve uma substância tóxica. Então, Young (1996a) desenvolveu o questionário breve de oito itens com um critério modificado de jogo patológico para prover um instrumento filtrante para o uso viciante em Internet. No referido estudo, os sujeitos eram considerados "viciados" quando respondiam "sim" para cinco ou mais questões. A autora ressalta que, enquanto esta escala provê uma definição de vício em Internet, estudos posteriores são necessários para determinar a validade do constructo e sua utilidade clínica. Ela também ressalta que a negação dos pacientes em reconhecer que estão viciados em Internet deve-se ao reforçamento da prática de uso da Internet, encorajando a utilizá-la para fins acadêmicos ou de trabalho. Então, mesmo se os pacientes se enquadrarem nos oito itens, estes sintomas podem ser mascarados como "Eu preciso disso como parte de meu trabalho", "É apenas uma máquina", ou "Todos estão usando", isto devido à grande proeminência da Internet em nossa sociedade. (Young, 1998b) Brenner, (1997) utilizou em seu estudo o critério de abuso de substância DSM IV adaptado, enfocando desde falha na tentativa de limitação de tempo on-line até isolamento social relacionado ao computador. Diferentemente dos outros, Egger (1996) diferencia uso problemático ou abuso do vício: Abuso: A pessoa "precisa usar", onde existe um crescente envolvimento de maneira compulsiva; conseqüências não controláveis ocorrem, mas não obstante o abuso continua. Vício: A pessoa "não pode parar de usar"; subjugando o envolvimento com uma substância ou comportamento que é levado compulsivamente para o cotidiano. Dia a dia as rotinas ou padrões de vida são rompidos com o uso, com uma garantia de provisão e com uma grande tendência a recair após a conclusão da retirada Segundo o autor, não existe um modelo geral para vício. Existem sim, três modelos diferentes que descrevem o vício. O modelo de doença, que enfoca o vício como uma enfermidade, o modelo adaptativo, que olha-o como uma maneira de lidar com a substância ou comportamento e o modelo maneira-de-viver (way of life), que enfatiza estilos de vida e papéis. O autor, então, cita alguns critérios definido por Freeman (1992 apud Egger, 1996). Sinais comuns de vício incluem: preocupação com a substância, relacionamento ou comportamento; uma perda de controle sobre o uso da substância ou padrão de comportamento; preocupações expressas por outros sobre a perda de controle e seus efeitos; continuado, persistente uso da substância ou comportamento envolvido apesar das conseqüências negativas. O autor relata que como o vício em Internet é freqüentemente comparado ao jogo compulsivo, seu critério similar a outros vícios pode ser listado como segue: preocupação com o comportamento abusivo; abusando maiores quantias sobre longos períodos de tempo do que se pretendia; a necessidade de se aumentar o comportamento para atingir o efeito desejado; esforços repetitivos para diminuir ou parar o comportamento; atividades sociais ou ocupacionais rendem-se em função do comportamento e continuação do comportamento apesar dos problemas sociais, ocupacionais ou legais. Devido às divergências teóricas, o autor deu a opção aos próprios sujeitos de se autodenominarem viciados ou não viciados e comparou suas respostas. Similar a Egger, Thompson (1996) diferencia dependência de vício: Vício: Implica em que o sujeito não tenha nenhum controle próprio a respeito de um hábito particular Dependência: Implica em que o sujeito tenha um desejo forte e compelido para continuar um hábito particular. Em seu estudo, o autor também utilizou o modelo CAGE para desenvolver uma variável independente. O modelo CAGE é usado para prover evidências de um possível vício a uma substância. As questões utilizadas foram: Alguma vez você sentiu que deveria diminuir suas conexões com a Internet? Alguma pessoa se aborreceu com você criticando seus hábitos de conexão com a Internet? Você já se sentiu mal ou culpado a respeito de suas conexões com a Internet? Alguma vez você se conectou na Internet logo de manhã? O autor então cruzou os dados das respostas do modelo CAGE, com a auto-classificação como viciado ou dependente. Foram classificados como viciados e dependentes ficando acima ou abaixo da média numa escala de reclassificação que refletiu os lugares dentro do modelo CAGE. Um outro autor reconhece a intensa ligação dos usuários aos computadores, porém discorda que os termos vício e compulsividade estejam corretos (Stein, 1997), adicionado ao que dizem Huang & Allessi (1997):
"While a number of individuals who use computers may manifest symptoms consistent with na "addiction", labeling it as if it were a new diagnostic entity may lead to the misdiagnosis of primary psychiatric disorders for which we have proven therapeutic interventions." "Enquanto um número de indivíduos que usam computadores podem manifestar sintomas consistentes com um "vício", rotular isto como se fosse uma nova entidade diagnóstica pode levar a erros de diagnóstico das desordens psiquiátricas primárias pelas quais nós temos provado intervenções terapêuticas" (Huang & Allessi 1997 p. 890) Segundo estes autores, o processo de concretização da doença vai requerer: estudos rigorosos sobre os casos publicados que definem o fenômeno; entrevistas padronizadas para identificar populações para estudos controlados das hipóteses que relacionam variáveis genéticas, biológicas e psicossociais, e replicação dos resultados. Nota-se a partir destes dados que existem diferenças a respeito do que se entende como vício e dependência em Internet. Existem também controvérsias se o fenômeno observado constitui-se ou não como um vício. Como o objetivo do estudo não é a verificação teórica de vício em Internet, mas sim usar um instrumento para verificar se o uso da Internet está trazendo problemas para o indivíduo e suas relações, além de descrever os hábitos de conexão e formas de comunicação com outras pessoas. Escolhi adotar o critério de jogo patológico adaptado de Young (1996a), dado que esta autora além de ser a pioneira neste campo de estudo, continuou a estudá-lo e a desenvolver seus recursos. Ainda que ela não deixe claro em seus artigos, este critério é resultado de suas pesquisas e foi modificado de acordo com o desenvolvimento destas. Além deste critério, também utilizarei algumas questões baseadas em resultados das pesquisas dela e dos outros autores citados neste trabalho para poder avaliar as possíveis diferenças destes resultados com o critério de Young e também para ter outros dados sobre o impacto da Internet no que diz respeito aos aspectos psicológicos dos sujeitos. Estarei também colhendo as opiniões dos sujeitos em relação a se sentirem ou não viciados ou dependentes da Internet, para poder comparar a relação desta resposta com o critério de Young e com as outras respostas. A razão para estas relações é que, além do critério de Young ainda não ser oficialmente aceito como um critério de definição para vício em Internet ou para uso patológico de Internet, o padrão utilizado, baseado no padrão de diagnóstico do DSM IV, pode não ser o mais adequado à cultura brasileira. Ou então pode não ser o mais adequado para ser respondido pelo próprio sujeito, ou seja, as perguntas podem estar direcionando as respostas dos sujeitos e, no caso, seria mais apropriado uma avaliação geral dos hábitos de conexão do indivíduo para posteriormente o psicólogo ou psiquiatra estar respondendo em conjunto com o sujeito ao critério de Young. Sendo assim, os sujeitos que se enquadrarem no critério de Young serão denominados Usuários Patológicos (UP), os que não se enquadrarem, Outros Usuários (OU). Já os que se autodenominarem viciados ou dependentes serão VD e os outros que não se consideram viciados e dependentes, NVD. Características dos Usuários e os efeitos da dependência, vício e uso patológico da Internet. Apesar de grande parte dos autores usarem um mesmo tipo de instrumento (questionário on-line), o tempo despendido na coleta de dados, sua forma de divulgação, e os objetivos da pesquisa fizeram alguma diferença nos resultados obtidos por eles em relação a número e características dos usuários. Um outro fator a ser observado, também, é o constante desenvolvimento dos serviços da Internet, sendo que a cada dia mais pessoas estão se conectando a ela e mais atenção tem recebido na mídia em geral, assim é bem provável que parte dos dados apresentados abaixo não sejam mais atuais. Em todo caso, não podemos descartá-los já que fazem parte da história do conhecimento sobre o tema e também por apontarem para questionamentos posteriores. Young (1996a) recebeu um total de 605 respostas sendo que destas, 596 foram consideradas válidas. A amostra foi dividida entre dependentes (396) e não dependentes (100). Os dependentes incluíam 157 homens e 239 mulheres, a idade média para os homens foi de 29 anos e para as mulheres 43 anos. A média de nível educacional foi de 15,5 anos. E 42% relataram não ter nenhuma atividade profissional (dona de casa, estudante, deficiente, aposentado). A amostra de não dependentes incluía 64 homens e 36 mulheres, a idade média para era de 25 para os homens e 28 para as mulheres. O tempo médio de escolaridade era de 14 anos. Os resultados encontrados pela autora foram divididos em: Diferenças de uso: 58% dos dependentes tinham de 6 meses a 1 ano de contato com a Internet em contraste com 71% dos não dependentes que usavam Internet por mais de 1 ano. No total, 83% dos dependentes estavam há menos de 1 ano usando a Internet, o que sugere, segundo a autora, que o vício em Internet aparece antes que o sujeito possa entrar em contato com serviços e produtos disponíveis on-line. Quanto às horas gastas on-line, os dependentes permaneciam uma média de 38,5 horas on-line (SD = 8,04) por semana para uso de natureza não profissional e os não dependentes que ficavam em média 4,9 horas (SD = 4,70) por semana. Os dependentes relataram aumento gradual do uso da Internet o que foi interpretado como um fenômeno de tolerância pela autora. (Young, 1996a). Aplicações Usadas: Os resultados mostram uma diferença clara entre os dependentes e os não dependentes. Os não dependentes usam os serviços da Internet que lhes permitem receber informações e manter relações preexistentes através da comunicação eletrônica. Os dependentes predominantemente usam os recursos da Internet que lhes permitem conhecer, socializar e trocar idéias com novas pessoas através destas mídias altamente interativas. 35% dos dependentes usam Chat, em contraste com 7% dos não dependentes; 28 % usam MUD, em contraste com 5% dos não dependentes. Já 30% dos não dependentes usam e-mail, em contraste com 13% dos dependentes. e 25% exploram a Web, em contraste com 7% dos dependentes. Extensão dos Problemas: Os não dependentes não relataram nenhum problema em decorrência do uso da Internet. Já os dependentes relataram problemas significativos em suas vidas porque eles simplesmente perderam o controle sobre a sua habilidade de limitar o tempo de conexão à Internet. Os problemas foram classificados em acadêmico, de relacionamento, financeiro, ocupacional e físico. E a severidade do problema em leve, moderada, severa ou nenhuma, durante um período de um mês. Mais de 50% dos dependentes relataram problemas severos relacionados aos campos acadêmico, de relacionamento, financeiro e ocupacional. E 25% relataram problemas físicos leves e moderados. Apesar das conseqüências negativas, muitos dependentes não tinham desejo de diminuir o uso da Internet. Isto porque vários sujeitos relataram se sentir "completamente dependentes" da Internet e se sentiam impossibilitados de "deixar" de usa-lá. Os não dependentes viam a restrição de uso como desnecessária, porém alguns restringiram o uso para evitar conseqüências negativas, por exemplo, restringir o uso para equilibrar as finanças. Em outros casos, os dependentes tentaram, sem sucesso, diminuir o uso da Internet. Nas falhas das tentativas eles cancelavam os serviços de acesso, jogavam fora os modems ou desmontavam os computadores. Eles desenvolveram uma preocupação para voltar a estar on-line comparando-a à síndrome de abstinência que os fumantes sentem quando ficam sem o cigarro por um período de tempo. Eles explicaram que a falta sentida era tão intensa que eles voltaram a se conectar. A partir deste estudo exploratório, a autora concluiu que a Internet por si só não é viciante, mas aplicações específicas como salas de Chat representam um papel significante no desenvolvimento de tal uso patológico da Internet. O estudo também conclui que quanto mais interativa é a aplicação usada, maior o risco de se desenvolver dependência (Young, 1996a). A autora também desenvolveu um estudo de caso de uma mulher, do lar, não tecnologicamente orientada e sem nenhuma história psiquiátrica ou de vício anterior, que abusou da Internet, o que resultou numa deterioração significante em sua vida familiar (Young, 1996b). Sobre este estudo, a autora concluiu que, devido à recente tendência para tecnologias da informação, tem-se uma nova geração de usuários de computadores diversificados. Este caso sugere a divergência do estereótipo do jovem do sexo masculino, familiarizado com o uso de computadores e usuário on-line como o protótipo do "viciado" em Internet. Novos consumidores da Internet que não se enquadram neste estereótipo geral são igualmente susceptíveis. Alguns fatores de risco podem estar associados com o desenvolvimento do vício em Internet: primeiro, o tipo de aplicação utilizada pelo usuário pode estar associada ao desenvolvimento de abuso em Internet, neste caso, as aplicações altamente interativas disponíveis na Internet (salas de Chat, jogos on-line coletivos). Segundo, o grau de excitamento experienciado pelo usuário on-line enquanto conectado à Internet pode estar associado com o uso viciante da Internet (Young, 1996b). Em seus trabalhos posteriores sobre características de personalidade associadas ao desenvolvimento de vício em Internet (Young, 1997b) e sobre a relação entre depressão e vício em Internet (Young, 1997c), a autora obteve os seguintes resultados provenientes de seu questionário on-line (Nos dois artigos, Young, 1997b e 1997c, a autora refere-se ao mesmo questionário e dados demográficos): Foram respondidos 312 questionários, sendo que foram considerados válidos 259 perfis de usuários viciados geograficamente dispersos, sendo que 130 destes são do sexo masculino com idade média de 31 anos e 129 mulheres com idade média de 33 anos. 30% tinham 2º grau ou menos, 38 % graduação, 10% pós graduação e 22% ainda estavam estudando. Segundo Young & Rodgers (1997b): Usuários que demonstraram ter altas habilidades de pensamento abstrato podem desenvolver padrões de vício em Internet enquanto eles são "atraídos" para a estimulação mental oferecida através das infinidades de informações disponíveis. Usuários on-line que têm uma vida mais solitária e socialmente inativa podem ter um risco maior para uso patológico da Internet. Pessoas resguardadas, desconfiadas podem experienciar mais dificuldades de criação de intimidade em seus encontros face a face. Porém, elas podem ser "atraídas" para as características anônimas de interação na Internet, o que permite a elas conversar com pessoas de uma forma desinibida e formar relacionamentos com muito mais facilidade que nas circunstâncias da vida real. Comunicação eletrônica anônima também pode atrair indivíduos inconformados que usam o meio para divulgar ideologias radicais ou discutir sistemas de crenças sociais polêmicas em que eles acreditam ou mesmo mantém na vida real ou para achar outros que compartilham destas opiniões. Se estes indivíduos também demonstram tendências emocionais reativas, eles podem ser "atraídos" em tal meio para se expressarem de maneira que normalmente são restringidas pelas convenções sociais. Estas características de personalidade podem fazer com que um indivíduo tenha grande risco de desenvolver uso patológico de Internet porque o mundo on-line criado dentro da tela se torna a única saída para tal expressão. Os dependentes são altamente auto-confiáveis, tendo uma grande preferência para atividades solitárias e tendem a restringir suas saídas sociais. Os dependentes são pensadores abstratos que parecem que são menos conformados com convenções sociais e mais emocionalmente reativos para os outros. Os resultados mostram que os dependentes tendem a ser sensíveis, vigilantes e indivíduos privados. Também de acordo com Young & Rodgers (1997c): Foi também encontrada uma relação entre depressão e vício na Internet e a autora discutiu como um tratamento deve ser conduzido, enfatizando a condição psiquiátrica primária, se relacionada com problemas de controle de impulso subsequente como uso patológico da Internet. Tratamento efetivo dos sintomas psiquiátricos podem indiretamente corrigir o uso patológico da Internet. A ocupação mostrou ser um determinante do nível de uso da internet neste estudo: é mais provável que pessoas com cargos (tecnológicos ou não) mais altos fiquem viciados em Internet do que pessoas com níveis mais baixos de empregos. Isso porque, devido ao nível sócio econômico mais alto as pessoas podem ter acesso ao computador com mais facilidade. A autora também discute que níveis elevados de depressão estão associados aos sujeitos que ficam viciados na Internet. Isto sugere que a depressão é significativamente associada com níveis aumentados de uso pessoal da Internet (Young,1997c). Young (1998b), em seu recente artigo sobre sintomas, avaliação e tratamento de vício em Internet, destaca as conseqüências negativas do uso viciante em Internet, baseado nos resultados de seus estudos. Apesar do tempo de conexão não ser uma função direta para se definir vício em Internet, geralmente os usuários viciados a usam em excesso. Para acomodar tal uso excessivo, os padrões de sono são geralmente rompidos devido às conexões feitas tarde da noite. Enquanto os efeitos colaterais físicos do uso da Internet são leves comparados aos da dependência de substâncias químicas, os efeitos de deterioração familiar, acadêmica e ocupacional são similares no vício em Internet (Young, 1998b). Problemas Familiares: Young (1996a) constatou que problemas sérios de relacionamento foram relatados por 53% dos viciados em Internet. Casamentos, namoros, relações entre pais e filhos e amizades próximas foram notadas como seriamente rompidas pelos "net binges" (farras na net). Os pacientes vão gradualmente dedicar menos tempo às pessoas de sua vida em troca de ficar sozinho em frente ao computador. O casamento parece que é o mais afetado pelas interferências do uso da Internet, no que diz respeito às responsabilidades e obrigações de casa. As tarefas de casa são ignoradas, bem como atividades importantes como cuidar das crianças. Os parceiros freqüentemente racionalizam o comportamento obsessivo do usuário da Internet como uma "fase" na esperança de que a atração seja brevemente dissipada. Porém, quando o uso viciante continua, os argumentos sobre crescente tempo e energia dispendidos on-line logo vêm à tona, mas são rejeitados como parte da negação exibida pelos pacientes. O uso viciante é também evidenciado pelas explosões e ressentimentos com os outros que questionam ou tentam tirar parte do tempo gasto on-line. Os indivíduos podem formar relacionamentos on-line que com o passar do tempo irão se sobrepor ao tempo gasto com as pessoas reais. O cônjuge viciado irá se isolar socialmente deixando de ir com o parceiro a eventos que antes gostava para ficar em companhia dos companheiros on-line. A habilidade de levar a cabo relacionamentos on-line românticos e sexuais posteriormente irá deteriorar a estabilidade dos casais da vida real. O uso da Internet interfere com os relacionamentos reais, sendo que os que vivem com ou vivem perto do viciado em Internet, respondem com confusão, frustração e ciúmes do computador. Similarmente aos alcoólatras que mentem a respeito do seu vício, os viciados em Internet mentem sobre o tempo despendido on-line ou escondem as contas relacionadas ao serviço da Internet. Problemas acadêmicos: Young (1996a) encontrou que 68 % dos estudantes reportaram um declínio nos hábitos de estudo, devido ao uso excessivo da Internet. Os sujeitos argumentaram que isto se deve ao fato de que a informação na Internet é muito desorganizada e não relacionada ao currículo escolar. Apesar dos méritos da Internet quanto a ser uma ferramenta ideal de pesquisa, os estudantes navegam por sites irrelevantes, engajam-se em Chats de fofoca, e jogam jogos interativos acarretando custos à atividade produtiva. Problemas ocupacionais: O abuso de Internet entre empregados é uma preocupação séria entre os gerentes. Novos mecanismos de monitoração já existem no mercado para permitir aos chefes localizar os usos da Internet feitos pelos empregados. Os benefícios da Internet para assistir os empregados sobre qualquer coisa entre pesquisa de mercado até comunicação de negócios excede em valor os aspectos negativos para qualquer companhia, porém existe uma preocupação definida de ser uma distração para muitos empregados. Os empregadores não estão certos de como abordar o vício em Internet entre os empregados e podem responder a isso com avisos, suspensões do trabalho ou demissão ao invés de fazer uma indicação para algum programa de assistência (Young, 1998b). Alguns dados sobre as outras pesquisas realizadas foram esquematizadas no quadro a seguir para facilitar a visualização e comparação dos resultados. Brenner Egger Thompson Total de respostas/respostas válidas 654/563 454 validos 120/104 Percentagem do sexo masculino 73% 83,8% 75% Idade média 34 anos 30,7 anos 43 entre 20-29 40 entre 30-39 Grau de educação 15 anos universitário ND. Uso médio por semana em horas 19 24,2 trabalho 10,5 tempo livre ND. Tempo de uso da Internet 2 anos 28,5% menos de 1 ano 20,4% 1 a 2 anos ND Tempo de coleta de dados 90 dias 6 semanas 3 semanas Diferentes Países mais de 25 21 ND Numero de dependentes/Viciados ND 10% 32 sujeitos ND= Não Disponível Brenner (1997), em seus estudos, notou que: os usuários mais velhos experienciavam menos problemas que os usuários mais novos, ficando o mesmo tempo on-line (provavelmente devido à menor capacidade dos jovens de gerenciar múltiplas funções e demandas). Também não foi encontrada diferenças de uso ou problemas entre homens e mulheres. Nas análises estatísticas foi encontrado um subgrupo não convencional que experienciou problemas de interferências mais severos devido ao uso da Internet. Isto foi também uma evidência preliminár do fenômeno que foi interpretado como tolerância (55% disseram que ficam muito tempo on-line), abstinência (28% acham difícil parar de pensar na Internet quando eles não se conectaram por um tempo) e desejo de parar (22% tentaram passar menos tempo conectado, mas não conseguiram). Já Egger (1996) dividiu seus resultados de acordo com as categorias do questionário, comparando as respostas dos autodenominados viciados com os não viciados. Social: Os viciados conhecem mais pessoas na Internet, são mais influenciados negativamente pela Internet nas suas ocupações, finanças e tópicos sociais. Uso: Os viciados aumentaram o seu uso na Internet no último ano, gastam mais horas por semana no IRC e na WWW, estão participando mais freqüentemente de grupos de auto ajuda na Internet e pedindo conselhos médicos, psicológicos e religiosos. Usam menos métodos convencionais para pesquisar tópicos. Sentimentos: Os viciados sentem mais freqüentemente uma crescente necessidade de usar a Internet quando não estão on-line. Antecipam a sua próxima conexão mais freqüentemente, sentem-se mais nervosos quando o seu acesso a Internet é restrito, sentem-se culpados ou deprimidos mais freqüentemente depois de usar a Internet por muito tempo, mais freqüentemente a Internet tem um maior papel nos seus sonhos e também pensam mais freqüentemente sobre o que está acontecendo na Internet quando eles não estão on-line. Experiência: Os viciados freqüentemente gastam mais tempo on-line do que tinham planejado, mentem mais para as pessoas sobre o tempo que gastaram on-line, mais freqüentemente restringem deliberadamente o seu uso da Internet devido a uso excessivo prévio, perdem a noção de tempo mais freqüentemente quando estão usando a Internet e os colegas reclamam mais freqüentemente sobre eles gastarem muito tempo na Internet. Dados pessoais Os viciados gastam mais horas de seu tempo livre no seu computador, compram mais freqüentemente livros e revistas relacionadas à Internet, conhecem mais outros viciados. Thompson (1996) relatou os resultados das diferenças entre os autodenominados viciados e dependentes. Vale ressaltar que foi permitida a participação somente de sujeitos maiores de 18 anos que fornecessem um e-mail válido. Foi encontrada coerência entre a auto-classificação dos sujeitos como viciados ou dependentes e os dados da pesquisa. Houve diferenças entre viciados e dependentes em relação ao tempo on-line, que foi maior entre os dependentes, o que demostra que o tempo on-line não tem necessariamente relação direta com o vício. Os viciados sofrem mais na escola ou em casa como resultado de suas conexões, e têm mais dificuldade de se desligar da Internet quando estão conectados. Também não houve diferenças de gênero. O autor fez uma divisão de categorias de conseqüências, sendo as principais: Estresse Fisico: 45 de 104 sujeitos reconheceram problemas físicos devido a seus hábitos de conexão, incluindo visão escurecida, distúrbios do sono, desorientação espacial, síndrome de carpal tunnel, mudança de hábitos alimentares e, algumas vezes, a combinação deles. 47% têm algum tipo de estresse físico como conseqüência de suas conexões. Predisposição e ânsia: 50% relataram que sentem esta ânsia para se conectar. 31 participantes relataram que existem pessoas em suas famílias com problemas de vício. Freqüência: 35 participantes relataram que se conectam na Internet em média mais de 6 dias por semana, 36 relataram que se conectam 7 dias por semana e 9 relataram que raramente se desconectam. Inteligência: Foi perguntado pelo autor se os participantes se consideram a si mesmos acima da inteligência média. 53 participantes disseram que eles acreditam que estão acima da média de Inteligência e 38 relataram que não se consideram acima da média. O autor concluiu que não existe dúvida de que os usuários de computadores estão exibindo características similares aos viciados em outras substâncias. [Principal] [Sobre o Autor] [Textos] [Pesquisas] [Contato] |
posted by Mikasmokas @ 2/23/2006 |
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