2006-01-25 - 00:00:00
CCB - Patricia Barber arrebata
Após ter estado entre nós no 4.º Matosinhos em Jazz (2000) e em 2005 em Famalicão, Patricia Barber veio finalmente mostrar em Lisboa o seu talento e estilo único de cantora e pianista de jazz.
O Grande Auditório, quase cheio, do Centro Cultural de Belém (CCB) testemunhou anteontem como esta mulher é sinónimo de diferença entre as cantoras/pianistas de jazz. O estilo a milhas do comercialismo e uma marcante presença pessoal baseada na postura das mãos a meio das canções – quase gestos explicativos ou de auto satisfação – deixaram o público extasiado.Tocando descalça, Barber mostrou uma forma muito característica de dizer as canções, tanto pelo arrastamento das letras como pela voz forte, que ora murmurava ora se expandia, sempre rodeada de acordes do piano cheios de intencionalidade complementar.Canções? Muitas e quase todas transformadas pelos arranjos; apenas ‘S’ Wonderful’ esteve perto do vulgar, ao ser tocada em ritmo de bossa-nova, estranhamente próximo de Diana Krall. Ficaram os sons de ‘Autumn Leaves’, ‘Norwegian Woods’ e, sobretudo, da sublime interpretação de ‘Light My Fire’, dos Doors, em que a forma sincopada como a letra foi dita, a suspensão das notas do piano e a sensualidade da voz, foram simplesmente brilhantes. A nível instrumental, ‘Witchcraft’, canção popular do repertório de Sinatra, deu perfeita noção da técnica de Patricia.Com ela estiveram três músicos de grande qualidade: Michael Arnopol (contrabaixo e guitarra baixo), Neal Alger (guitarras) e Eric Montzca (bateria e percussão). António Rubio
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