Para relembrar os tempos que ainda não tinha tido o meu bloqueio de escritor de verborreia literária... já lá vão 5 anos... :(
CRÓNICA DE UM PSEUDO-INTELECTUAL NO FESTIVAL SUDOESTE
Tudo começou no dia 4 de Julho (não, não tem qualquer relação com o excesso de adrenalina libertada por esta altura no outro lado do lago, a que se designou Atlântico) quando comprei o Blitz e observei uma notícia (vulgo conjunto de palavras que descreve um dado fenómeno espaço-temporal delimitado) que dizia respeito a reportagens de Festivais realizadas por cidadãos (indivíduos pertencentes a uma dado Estado, que por sua vez são uma organização de outros indivíduos) cujo conhecimento de outros seres da mesma espécie não deve passar de 100.
Mas quem será este tipo que está para aqui a escrever caracteres, que juntos fazem palavras e estas juntas, frases, ainda por cima quando os leio fico quase sem fôlego e tonto, estarão vocês neste momento a indagar. Pois bem, o meu nome é Miko (nome fictício, tal como todas as personagens da minha crónica) e sou manager de uma das bandas que foi tocar no Palco Blitz (este último, um jornal, que é um conjunto de papeis com caracteres e imagens estáticas vendidos em vários buracos por elementos da espécie humana), à qual designei de ‘grupo-de-elementos-humanos-que-emitem-som’ (nome comprido mas como posso utilizar o copy-paste não há problema).
Bem mas voltando à história... tudo começou na altura em que comprei o Blitz (afinal no principio era o Blitz e não o verbo....). Depois desse momento o meu corpo que se encontra na Terra (planeta do sistema solar e este da Via Láctea e esta do Universo) assistiu a um fenómeno de rotação desta última sobre si mesma (cerca de 30 vezes), altura em que a aventura recomeçou.
As coisas não iam mal, 4 dias antes conseguimos um buraco para descansar aquando do festival, por um conjunto de objectos achatados, a que designam dinheiro, e que segundo especialistas da matéria, diga-se, vulgo adolescentes-habituais-em-festivais-e-sem-dinheiro-porque-o-papá-não-dá-mais, foi relativamente barato, 1.500$ e muito próximo do festival.
Mas nesta fase perguntaram os caros leitores (massa de seres que observam e interpretam um conjunto de caracteres numa reacção fisico-química), o que é um festival? Como já tinha dito eu sou manager de uma banda. Nesse sentido já me foi dado a observar que um festival é um local onde um conjunto de indivíduos se juntam com material em metal e madeira (materiais sólidos), aparelhagens electro-sonoras, líquidos alucinógenos e uma série de pequenos grupos aos saltos, ou com garrafas na mão, em cima de uma estrutura metálica e em frente a uma serie de outros bastante mais numerosos (os números são uma abstracção humana para melhor compreendermos a quantidade, que por sua vez é difícil de explicar).
Bem, mas passemos, então, de seguida para o designado dia 3 de Agosto, segundo um calendário de um monge que já habitou este planeta à uma série de voltas terrestres atrás. Este dia foi o dia em que eu e mais um conjunto de semelhantes nos deslocamos ao local onde se iria passar um fenómeno designado Sudoeste. A aventura começou exactamente nesse dia. A partida estava prevista para as 20:30h, no entanto, o dono da carrinha, que era o pai (relação de parentesco assente no progenitor) do baterista da banda, resolveu fazer uma pequena viagem recreativa de Lisboa ao Alentejo. Estupefactos com o fenómeno, nós e o baterista, que vou passar a designar por Dudu (nome fictício) resolveu tentar comunicar com o seu pai através de uma máquina que emite ondas electromagnéticas:
- Está, pai....- disse o Dudu
- Sim, olá, como estás?! – respondeu o pai
- Olha, estou aqui em casa e não estou a ver a carrinha, estás muito longe?
- Mas querias a carrinha para hoje? Ah.... já não me lembrava.... é que estou aqui em Cuba do Alentejo com uns amigos..... prontos, vamos daqui embora....
Não queríamos acreditar, o concerto estava marcado à mais de um mês e os meios logísticos já tinham sido requisitados à igual período.
A espera foi inquietante...entre os programas sempre interessantes da SIC (estação de televisão abrangida pelo Direito Privado português) e o sono, o tempo foi passando. Por volta das 24:30h já estávamos todos juntos: eu, o Dudu, o Cerpico (nome fictício dado ao guitarrista, e cujo nome é resultado da junção do seu apelido com salpico, devido à substancia que segrega constantemente das mãos), a Ilga e o Cabelo-Espetado, estes últimos com alguma afinidade afectiva em relação ao baterista e guitarrista respectivamente.
Uma viagem de cerca de 3 horas terrestres. De registo fica o intenso cheiro que foi dado a conhecer ao nosso olfacto pelo pés do Cerpico, a conversa sobre o fenómeno das drogas nas sociedades humanas com a Ilga e o constante murmúrio do Dudu sobre a bolha que tinha na mão:
- Miko, já viste a bolha que tenho na mão? – perguntou o Dudu.
- Sim, o que tem? – respondi eu.
- Foi de treinar com baquetas de aço e agora acho que não vou conseguir tocar...dói-me muito – disse ele.
- Cá para mim só estás a arranjar uma desculpa para os futuros erros que vais fazer no concerto.... e mais, se tens bolha e não tens calo é porque não ensaias o suficiente para já os ter-
- Tens razão, sou um falhado – disse o Dudu, e continuou com o seu lamurio constante, no tom de voz típico de transístor dos anos 20.
Por volta das 3:30h da manhã chegamos ao local que os humanos designam por Zambujeira do Mar. Tínhamos que encontrar o local onde iríamos descansar. Ficava num monte, no meio do nada. Lá nos enfiamos por uma estrada , completamente às escuras, à procura de pontos de referência que nos levassem lá.
- É por ali – disse o Cerpico – esta casa tem porcos e galinhas à volta, tem que ser esta!
- Tens a certeza? Então vai lá bater à porta – disse eu.
- Vai antes tu? – disse o Cerpico.
- Porque tenho que ir eu, tu é que conheces a mulherzinha, e além disso parece que está tudo a dormir. Imagina se não é esta....
- Vai tu, és melhor que eu para essas coisas... e além disso estou com sono...ou melhor estou embriagado com o meu próprio cheiro oriundo dos meus pés...
- Não é aqui, vamos continuar na estrada – disse de forma expedita o Dudu.
Seguimos pela estrada, passamos casas, pinheiros, hortas....até que encontramos um rapaz, que pela referência convencional devia ter uns 12 anos. Estranhamos os facto. Ou vinha da escola nocturna, ou da borga, ou de uma noite com a primeira namorada, após ter saltado para o parapeito da sua janela (pelo que naquela zona não há habitações com altura superior a 5 metros). Enfim, também não perguntámos. Perguntamos isso sim, se conhecia o monte da Alzira (nome igualmente fictício). O rapaz respondeu que não. No entanto, demos-lhe boleia na mesma. A viagem do rapaz fez-se em cerca de 1.000 metros, deslocando-se de seguida em outra direcção.
Foi então que resolvemos utilizar a tal máquina que emite ondas electromagnéticas para comunicar com a Alzira.
- Estou, é a Alzira, daqui é o Cerpico, desculpe-me estar a telefonar a esta hora mas é que estamos perdidos – disse o Cerpico.
- Não há problema, já estão naquela estrada a seguir à praia? – perguntou a Alzira.
- Sim, sim, mas não encontramos a casa- respondeu o Cerpico.
- Sigam sempre em frente, passem por um poste de iluminação, por uns troncos cortados e por postes ao lado da estrada. A minha casa é a seguir ao milharal. Quando virem 7 cães, 1 gato, 1 cabra, 12 vacas e montes de insectos é a minha casa – disse ela, com uma voz um pouco ensonada.
Assim foi. Rapidamente chegamos ao local onde íamos pernoitar. E lá estavam todos os animais de espécies diferentes que a Alzira nos tinha referido.
Desde o primeiro contacto com a Alzira que observamos uma característica, no princípio interessante, depois insuportável, que consistia em emitir um conjunto de ondas sonoras de forma constante. Os assuntos variavam, desde a vida da Alzira com o marido até às condições da habitação e dos animais.
Mostrou-nos a arrecadação/barracão em que íamos dormir (dormir é um fenómeno que os humanos recorrem para recuperarem energias, indispensáveis à sua locomoção e manutenção dos processos físico-químicos dos mesmos). Uma maravilha campestre: ratos do campo (que a Alzira apressou-se em dizer que não faziam mal, eram até nossos amigos), mosquitos, telhas com queda constante de pó e outros materiais estranhos, colchões com pó, etc, etc..
Depois desta aventura fomos então dormir.
Dia 4 – O Início
Os humanos têm uma forma interessante de acordar (fenómeno que se segue ao sono). Eram por volta das 11h quando acordamos sob um calor abrasador. A casota onde estávamos acomodados mais parecia uma casa de salmão fumado. O cheiro que era libertado pelos nossos corpos constituía uma fragrância digna de ser engarrafada. Mas o tempo escasseava e tínhamos que nos deslocar rapidamente em direcção ao recinto do festival. Dudu, no entanto, apresentava um conjunto de perturbações psico-somáticas do tipo incomodativo. Queixava-se que não funcionava sem o pequeno-almoço (refeição ligeira, aconselhada por especialistas do estudo do corpo humano, no sentido da melhoria da performance humana e aumento da longevidade).
- Não vou já para o festival, vamos parar antes na Zambujeira para eu tomar o pequeno-almoço – disse o Dudu.
- Nem penses, já está quase na hora do almoço, por isso almoçamos lá no recinto, até porque o almoço é à borliú – disse eu.
- Não vou, eu não funciono mesmo e não me convences do contrário – replicou ele.
- Nós dissemos que íamos estar ás 12:30h à porta do recinto para nos encontrarmos com os outros membros da banda e é isso que vamos fazer, pois temos que respeitar os outros – disse eu, num tom de voz mais exaltado.
- Tens noção da forma como falas, estás a ser mal-criado – disse o Cerpico.
- Alguém te chamou para a conversa? – disse eu – pode-se ser mal educado de muitas formas e ele também o estar a ser....
- Não interessa.... que tal irmos então para o recinto e tentar encontrar um sítio para comer lá – sugeriu o Cerpico.
Perante esta proposta as duas partes desavindas, eu e o Dudu, aceitamos e depois de vestidos com um conjunto de trapos de algodão (vulgo roupa) tentámo-nos dirigir para o meio de transporte ou chaço, quando fomos interpelados pela Alzira.
- Rapazes venham cá – disse a Alzira – não querem tomar um copo de leite de cabra? Está fresquinho....
- Está bem, mas basta um copo pois temos que ir – respondemos nós sem escapatória, visto não querermos desapontar a nossa anfitriã.
Digamos que foi uma experiência desagradável ver um produto de um outro animal ser assimilado pelo meu corpo. Digamos que as natas e a temperatura do leite à temperatura ambiente não eram muito convidativos. Bem, mas depois de mais um obstáculo ultrapassado fomos então para o recinto do festival.
Depois da nossa chegada ao recinto tudo correu (finalmente) como previsto. O almoço, a que carinhosamente chamávamos refeições na Tenda VIP, tinha apenas o inconveniente de ser constantemente acompanhado por moscas (género de insecto díptero). O check-sound, previsto em 45 minutos, foi realizado em 25, por razão ainda desconhecida.
A espera até ao concerto foi bastante desagradável. O calor que se fazia sentir permitiu-me adquirir uma tonalidade de lagosta-recém-saída-do-tacho-com-água-a-frever. Do mal o menos, já tinha côr para as meninas.
Veio então o tão esperado concerto que falávamos à já quase 2 meses. Uma decepção. Assistimos a estranhos fenómenos sonoros dentro do palco, resultado de experiências igualmente estranhas dos técnicos de som com o nosso ‘grupo-de-elementos-humanos-que-emitem-som’. Mais tarde tal fenómeno foi objecto das mais diversas especulações, desde a Máfia Americana a querer controlar mais um brilhante cantor, até a um ataque político organizado pela social-democracia. Enfim, pelo menos já podemos ser tema de um programa da Fátima Lopes: Fui ao Sudoeste dar um concerto e correu-me mal. A minha vida não faz mais sentido, o que fazer?
No fim ainda deu tempo para fazermos a primeira fã anónima (assim designada, por não ter qualquer relação afectiva com a banda, mas antes com as ondas-sonoras emitidas pelo ‘grupo-de-elementos-humanos-que-emitem-som’). Digamos que o vocalista foi objecto de alguma atenção feminina.
Como o concerto que nos tinha feito deslocar alguns quilómetros terrestres não ficou na história, i.e., digno de registo (como diria um famoso radialista da nossa praça), resolvemos, por 2 contra 1 e 1 abstenção, voltarmos ao local onde tínhamos pernoitado para tentarmos lavar-nos e apropriarmo-nos de alguns alimentos. Assim o fizemos. Em 15 minutos estávamos de volta a esse local. O Cerpico encarregou-se de fazer o jantar: massa com atum e molho de tomate. A algum custo lá ingerimos os alimentos conjuntamente com as cervejas, coca-colas e águas que tínhamos trazido dos camarins. Por volta das 22h resolvemos então voltar ao recinto do Festival, desta vez para observarmos um outro artista, de nome Beck (cujo nome é permissivo a vários usos, como por exemplo o que foi utilizado na performance de outros artistas, como os Oasis: ‘Go Beck’). A nossa máquina de transporte resolveu a dada altura, a cerca de 4 km do recinto, fazer um estranho ritual com outras máquinas do género. Colocaram-se todas em fila e avançavam a velocidade muito reduzida. Ao início foi engraçado, depois tornou-se cansativo:
- Olha, isto é engraçado estarmos aqui parados no trânsito, pois podemos controlar os befos e talvez dar boleia a alguns – disse o Cerpico.
- Befo, befo, anda cá.... já viste a nossa carrinha, tem umas bonitas rodinhas, como as tuas... – disse o Cabelo-Espetado.
- Eeee.... vê-me aquele befo que vai ali a passar – disse eu.
- É mesmo bom....- disse o Dudu.
Esta conversa prolongou-se por cerca de 2 horas. Quando chegamos ao recinto o artista designado por Beck já tinha actuado, seguindo-se os Bush.
Da nossa presença no recinto nessa noite não reza a história. Resolvemos inclusive abandoná-lo antes do fim da actuação dos Bush, de forma a evitar novos rituais entre as máquinas de transporte.
Resolvemos ir então para o local no meio do nada, i.e., onde iríamos pernoitar mais uma vez. Do meu sono lembro-me vagamente de entrarem no barracão 4 raparigas e 1 rapaz que partilharam o mesmo espaço que nós. Uma delas, a Zaida (também tem direito a participar nesta crónica) possui uma relação afectiva-amorosa continuada com o Cerpico.
Dia 5 – A partida
Voltamos a acordar no barracão onde nos encontrávamos, sob um calor insuportável. Desta vez, em número mais considerável de humanos e um maior equilíbrio de sexos.
O Borboleta e a Faísca (dois dos sete cães) não nos largavam. O gato (nunca soube o nome (representação simbólica da identidade) que os humanos lhe atribuíam) também gostava da nossa companhia ou então dos ratos do campo, que de vez em quanto nos faziam visitas ao barracão.
Quando acordámos, rapidamente nos veio um flash à cabeça, típico de quem acabou de sobreviver de forma miraculosa a um atropelamento (situação em que os humanos se encontram entre as máquinas de transporte e a crosta terrestre) por um camião.
- Miko, vamos para Espanha – foram as primeiras palavras de Dudu, ainda meio a dormir, com os olhos cheios de remelas (secreção humana purulenta) e com um hálito um pouco desagradável, resultado da decomposição do resto do jantar por bactérias que se encontram na boca.
- Yes!!! Bute – Disse eu.
- Isto aqui está insuportável e depois com as amigas do Cerpico isto ainda fica mais insuportável. Não é que eu não ‘papasse’ uma delas, mas é que são um pouco desinteressantes e as espanholas são sempre mais aliciantes – disse o Dudu.
- Mas queres mesmo ir? – perguntou estupefacto o Cerpico, cujo sentimento relacionava-se com a perda do meio de transporte (chaço), visto ter que ficar o resto dos dias naquele local.
- Cabelo-Espetado, estás mesmo a ver o filme, não estás?! – acrescentou Cerpico.
De facto Cerpico tinha um problema. Apesar de ser um zero á esquerda a Matemática, Cerpico ainda conseguiu elaborar um problema:
- 4 raparigas e 5 rapazes faz 9 – balbuciou Cerpico – se vão embora 2 ficam sete. Mas como havia 2 carros, vai-se embora 1 fica um. Pelo que ficam 7 para um carro. Prontos, tenho um problema – prosseguiu ele.
De facto não era nenhuma teoria matemática que durasse 350 anos, como a de Fermat, mas era um problema relevante.
E assim foi, eu e o Dudu prepararmo-nos para partir em direcção à Isla Canella.
Fomos falar com a Alzira, para pagarmos as duas noites, pelo que entretanto passou o seu marido e ela trocou algumas palavras com ele, demonstrando claramente quem é que detinha as ‘calças da casa’ ao longo de todos estas décadas.
- Fostes trocar de camisa, vestir uma de manga cumprida?! O que te apoquenta? – disse a Alzira.
- Eu cá sei – respondeu ele, com aquele sotaque inconfundível do Alentejo.
Depois, arrumávamos os nossos poucos haveres e fomos em direcção a Lagos para apanharmos a Via do Infante. Dudu quis parar para tomar o famoso pequeno-almoço. Desta vez não houve discussão, pois não tínhamos compromissos. Chegamos a uma terra com poucos habitantes e resolvemos entrar num estabelecimento de restauração.
Fomos atendidos pelo proprietário do estabelecimento, de nome Roger, que, sem possuir qualquer relação afectiva com as nossas pessoas, iniciou uma conversação:
- O que vai ser ?- perguntou o Roger.
- Vai ser 2 sandes de queijo, um galão e uma Coca-Cola – respondi eu.
- A esta hora já só servimos refeições, mas como a minha filha está cá para nos ajudar posso sair daqui do balcão para fazer as sandes na cozinha, se não, não vos servia – respondeu o Roger num tom algo estranho para nós.
- Ahh...pois.... – murmurarmos nós.
Depois do Roger ter vindo da cozinha e sem razão aparente iniciou uma história sobre a vida dele. Pela forma como o fez parecia que era uma cassete que coloca para todos os clientes:
- Sabem, quando pedem uma sandes de queijo ela já vem com manteiga. Eu tenho os cursos para afirmar isto. É que já tenho 35 anos de restauração. Estive 36 meses no Ultramar, 3 anos em Lisboa (quando tinha 14 anos), 2 em França e 5 nos EUA. Foi aí que percebi que o homem não tem vícios se quiser. O único vício que tenho é o trabalho, e mesmo esse estou a ver se o largo. Ainda ontem tive aí umas 15 pessoas para jantar e eu disse que não, pois a minha filha não estava cá (ela é casada à já 13 anos) e eu não aguentava. Nesta fase da minha vida já não é o dinheiro, até porque já realizei os meus sonhos. Construí uma casa para a minha sogra e outra para a minha filha, construí este restaurante, tudo com o meu trabalho. Eu não sou daqui, sou de Braga, mas já cá estou á bastante tempo......
O Roger não se calava e o tempo a passar. Já não bastava a decoração do restaurante com fotografias do FC Porto, ainda tínhamos, conjuntamente com a refeição, que ouvir uma história. Até que eu resolvi cortar a conversa e dizer:
- Então, boa tarde.
Depois de nos livrarmos de tal personagem avançámos então para a Isla Canella. Logo que chegamos fomos para a praia. Maravilhosa. O efeito de prazer sobre o corpo humano é bastante interessante. A praia estava cheia de befos alemães e ingleses. À noite fomos à famosa Isla Cristina, onde a população feminina ronda os 70% da população total, e desses 70% cerca de 80% são bastante atractivos. Pelo menos na discoteca deu para conhecer um belo especimen do sexo feminino dos nuestros hermanos. Digamos que para a semana estou de volta para encontrar a Carmen. O Dudu também não se saiu mal....
Mas como esta crónica é sobre o festival não vale a pena desenvolver mais. Esta crónica tem uma lógica interna e uma mensagem subliminar, pelo que, apenas os mais astutos poderão decifrá-la (esta parte é para ver se me contratam para escrever uns episódios dos Ficheiros Secretos).
No Domingo voltamos para a nossa cidade onde habitualmente habitamos a maior parte do nosso tempo, depois de mais umas horas na praia a apanhar conquilhas. Ainda pensámos voltar ao Festival para ver Morcheeba, já que a pulseira branca que tínhamos tirado com sabão podia facilmente voltar ao nosso pulso. Mas já saímos tarde da paradisíaca Isla Canella e estávamos cansados, pelo que fomos directos para a tal cidade.
Foram 3 dias cheios de aventuras dignas de registo (contrariando o tal radialista).....
10 de Agosto de 2000
está mto giro