segunda-feira, junho 20, 2005 |
André Malraux |
André Malraux «(...) É como se um general dissesse: com os meus soldados posso metralhar a cidade. Mas, se ele fosse capaz de a metralhar, não seria general...não se é general senão saindo de Saint-Cyr. Por outro lado, os homens são talvez indiferentes ao poder... O que os fascina nessa ideia, vê você, não é o poder em si, é a ilusão do bel-prazer.O poder do rei é governar, não é? Mas o homem não quer governar: tem vontade de forçar, como você disse. De ser mais do que homem, num mundo de homens. Escapar à condição humana, era o que eu dizia. Não apenas poderoso: todo poderoso. A quimérica doença, de que a vontade de poder é a justificação intelectual, é a vontade de divindade: todo o homem sonha ser deus».In A Condição Humana Uma só linha não chega para falar do homem que afirmou um dia: « existem muitas vidas e é necessário vivê-las todas». O Romancista, ensaísta, cineasta, Ministro de Estado, arqueólogo, combatente, resistente, jornalista, anti-colonialista, militante de esquerda, político, critico de arte, coleccionador de antiguidades, Georges André Malraux nasceu em Paris em 1901, filho e neto de suicidas. Frequentou o liceu Condorcet e estudou Línguas Orientais na École des Langues Orientales, sem contudo se graduar. Com 21 anos partia para o Cambodja. De regresso a Paris, trabalha como editor, mas brevemente volta a viajar, desta vez para o Irão e o Afeganistão, em expedição arqueológica.Profundamente ligado aos acontecimentos políticos e sociais, e, anti-fascista convicto, o seu percurso é indissociável dos tempos que se viviam. Os Conquistadores (1928), A Estrada Real (1930) e A Condição Humana (1933) são simultaneamente romances e testemunhos da revolução comunista chinesa; O Tempo do Desprezo (1935) surge como um dos livros pioneiros na denúncia dos campos de concentração nazi - Malraux foi a Berlim com o escritor André Gide protestar contra o processo que se seguiu ao incêndio de Reichstag que consolidou Hiltler no poder; A Esperança (1937) fala da Guerra Civil Espanhola (acontecimento que Malraux viveu de dentro - viver para escrever, depois - alistando-se como aviador, fundando o esquadrão Eha, e lutando do lado Republicano, na Guerra Civil de Espanha). Durante a Segunda Guerra Mundial Malraux é capturado mas consegue fugir do campo de prisioneiros; em 1944 voltaria a escapar aos Nazis. Após o Desembarque na Normandia ingressa na Resistência e os seus serviços à causa da Liberdade haveriam depois de ser reconhecidos com a Cruz de Guerra e o The British Distinguished Service Order.Integra o Governo provisório de De Gaulle (1945-46) e em 1958 - quando o General regressa ao poder - assume primeiro o cargo de ministro da informação e depois de Ministro da Cultura, posto que ocupa durante 10 anos.Escreve os livros de Arte e Estética: As Vozes do Silêncio (1951); e O Museu Imaginário da Escultura Mundial (1952-54). O ano de 1961 seria o ano negro da sua vida, perde os dois filhos num acidente. A 23 de Novembro de 1976, André Malraux morria em Paris, acreditando que: «A arte é a única esperança diante do nada, a única expressão possível da dignidade e da liberdade». A Condição Humana. Decorre o ano de 1927 na China. A revolução comunista começa a ganhar contornos e um grupo de Homens já está na luta: o terrorista Tchen que descobre, desde a primeira vez que tem de matar, que a morte havia de ser a partir desse momento o seu destino; Kyo, para quem as ideias devem ser vividas e não pensadas, e que procura na defesa da dignidade dos outros o seu próprio caminho; May, a companheira de Kyo, alemã nascida em Xangai, médica num hospital estatal e dirigente de um hospital clandestino; o pai de Kyo, velho e sábio Gisors, que só encontra a paz nas neblinas do ópio; o decadente antiquário Clappique. Personagens que partilham um mesmo ideal e uma mesma condição que paradoxalmente os condena à solidão perante o destino, frente à morte. |
posted by Mikasmokas @ 6/20/2005 |
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